Histórias de Dona Guiomar
escritas por Nereide S. Santa Rosa
Outubro 13 de 2000
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Antigas professoras do Itahim

Nesta semana foi comemorado o dia da professora. Talvez a maioria das pessoas nem se lembrou da data, mas com certeza algumas professoras foram homenageadas, mesmo que por alguns segundos... de lembranças .

Afinal relembrar nossas professoras é como relembrar nossa própria história de vida. Algumas delas passam ligeiras e nem notamos. Outras, entretanto, se acomodam de tal forma em nossa memória que ficam irremediavelmente anexadas. São aquelas que nos emocionaram, participaram dos momentos mais importantes em nossas descobertas. Seja no ler e escrever...seja com seus conselhos e orientações amigas. Evidentemente, também nos recordamos das "terríveis" professoras de matemática , ou de português, ou mesmo do antigo e remoto latim. Pois é, ainda lembro do ensino de latim nas escolas.

Como certa vez eu contei, estudei até a quarta série no Grupo Escolar do Itahim no final da década de 20. Já tive oportunidade de descrever o prédio, a sua localização e alguns acontecimentos daquele tempo. Aliás o respeito que tínhamos por nossas professoras era enorme. Antigamente ser professora era um profissão muito valorizada. Tanto pelo seu conhecimento, como pela sua postura e caráter. Quando uma professora passava por nós, moradores, todos a cumprimentavam respeitosamente . E lá seguia a professora elegante, séria, nobre.

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"Minhas professoras no Grupo Escolar do Itahim"

Durante os anos trinta tive a oportunidade de estudar no Colégio São José na Rua da Glória no bairro da Liberdade. Era uma escola particular e eu estudava com bolsa de estudos. Foi lá que terminei o ginásio. No entanto, não consegui me formar professora como pretendia...a bolsa de estudos não foi renovada pela escola e então, o meu sonho teve que ser adiado. Compensei a frustração que senti, incentivando e formando as minhas duas filhas como professoras. Anos mais tarde, em 1974, já com sessenta e cinco anos de idade voltei a estudar e finalmente formei-me professora também. Afinal sonhos existem para serem realizados, a qualquer tempo e lugar.

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Fotos das minhas filhas: Nereide e Neusa

Na década de 30 o bairro do Itaim-bibi, não possuía escolas particulares. As mais famosas ficavam em outros locais da cidade: Colégio N. Sra. Sion, Colégio Assunção, Colégio Dante Alighieri, Colégio São Luiz, Colégio Sacre Coeur. E outros tantos tão tradicionais quanto bem conceituados.

Quanto as escolas públicas , o Caetano de Campos dominava o ensino na cidade de São Paulo. E o ensino público realmente tinha uma excelente qualidade.

O antigo Grupo Escolar do Itahim funcionava em um prédio na esquina da Rua Urussui com a Joaquim Floriano. Na década de 50, o Grupo foi transferido para o novo prédio na mesma Urussui esquina com Leopoldo Couto Magalhães onde está até hoje.

Nos anos 50 o nosso novo Grupo Escolar era uma escola agradável, cercada por grande pés de eucaliptos que serviam como cerca viva. O número de alunos era enorme. O pátio interno era de terra onde as muitas crianças faziam enorme algazarra, mas quando o sinal tocava todos formavam as filas com muita ordem para entrar nas salas de aula. A vice diretora D. Alaide Cardoso e o diretor Seu Rubens mantinham séria disciplina. Relembro como forma de homenagem os nomes de algumas professoras dessa escola naquela época, como D. Julinha e D. Judith, ambas moradoras do Itaim-bibi. D. Julinha era muito conhecida pois alem de ser professora, era a esposa do Seu Brandão, conhecido farmacêutico do bairro, dono da Farmácia Brandão que ficava localizada na Joaquim Floriano. Homenageio também D. Araci, D. Euda, D. Laura, D. Noemia...pessoas especiais que se dedicavam com carinho à sua profissão. Pessoas inesquecíveis que alfabetizaram centenas de moradores do Itaim-bibi, inclusive minhas filhas. Com certeza, cada morador tem em seu coração o nome ( ou os nomes) da sua professora preferida...tomo a liberdade de propor a cada leitor relembre, pelo menos, por alguns segundos, aquela que foi sua professora especial.

No final da década de 50 e a partir da década de 60 o número de escolas no Itaim-bibi aumentou. Surgiu o Liceu Eduardo Prado, escola particular onde minha filha Neusa estudou o ginásio . Ficava localizado na Rua Jacurici, onde hoje está o Pueri Domus. O antigo Grupo Escolar passou a chamar-se Aristides de Castro. Depois foram inaugurados o Instituto de Educação Ministro Costa Manso, a Escola Estadual de Primeiro Grau Ludovina Cretídia na Rua Tabapuã e a Escola Estadual Ceciliano José Ennes que hoje está localizada na Rua Cojuba. Foram abertas a Escola Nossa Senhora das Graças e o Colégio Brasil-Europa, escolas particulares que ainda permanecem.

Mas são os professores a alma das escolas. São eles que humanizam os corredores, os quadros-negros, as escadarias, os cadernos e os livros. Pois ser professora é muito mais do que uma profissão: é doação. A professora consciente ultrapassa suas dificuldades, envolve e ensina, cativa e conquista. A nossa homenagem a todas elas, que de alguma forma, contribuíram para a formação dos moradores e ex-moradores do Itaim-bibi.

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