Histórias de Dona Guiomar
escritas por Nereide S. Santa Rosa
Junho 15, 2001
Índice das Histórias já publicadas
E o “Jeans” chegou para ficar!
Mulher não usa calça comprida! Isso é o que ouvíamos nas famílias de São Paulo nas décadas de 30 e 40.
Vocês podem imaginar esse antigo costume? Pois é, eu sou do tempo que a calça comprida só podia ser usada pelos homens. E mais, se acaso uma moça ousasse inovar, seria olhada de forma repreensiva e tal fato seria motivo de comentários.
Mas, graças a Deus, esses tempos ficaram para trás...
Eu pude observar de perto as mudanças e as conquistas que nós, mulheres, conseguimos ao longo dos anos. Conquistas como a minha quando resolvi aprender a dirigir automóvel na década de sessenta.
Mas as conquistas femininas foram sendo conseguidas aos poucos. Por exemplo, o uso da calça jeans, na década de cinquenta significava modernidade, simplicidade, conforto, rebeldia. Das minas dos Estados Unidos, o jeans conquistou o mundo.
Conhecíamos a calça jeans pelos filmes de cow-boy que víamos no cinema. John Wayne e todos os famosos vaqueiros do cinema americano, usavam a calça rancheira, feita de brim forte costurado com ilhoses. Até mesmo algumas garotas já apareciam nas telas com as famosas calças: Doris Day e a namorada do Roy Rogers de vez em quando as usavam. E para nós, mulheres, a calça jeans era um sonho a ser conquistado. Eu pessoalmente nunca a usei, mas a minha primeira filha foi uma das primeiras adeptas da moda que vinha dos Estados Unidos. Usar a calça comprida fazia parte da juventude que estava começando a se divertir com o rock and roll. No final da segunda guerra mundial, o desenvolvimento dos costumes americanos era contagiante e fazia com que muitos deles se tornassem objetos de consumo. E entre eles, o jeans chegou e chagou para ficar. Comprei a primeira calça para minha filha na loja Sears Reabouck no bairro do Paraíso. Foi um sucesso.
A
primeira marca foi a Lee, com cinco bolsos e cintura alta. A história da calça
jeans começou por volta de 1850, quando Levi Strauss, nascido na Bavária, foi
para os Estados Unidos. Dizem que ele
queria vender lona e toldos para carroças a mineradores. E a palavra jeans se
originou de um tecido chamado genes
que era usado por marinheiros na cidade de Gênova, na Itália.
Veja
o que diz este texto do livro Elegância,
como o homem deve se vestir, (Fernando de Barros, Negócio Editora):
“A história da fantástica aventura do jeans
começou em Nimes, na França, onde foi fabricado pela primeira vez. No entanto,
foi a indústria têxtil de Maryland, na Nova Inglaterra, que popularizou, em
1792, o uso desse tecido de algodão sarjado, que chamaram de denim por ser
fabricado com as mesmas características do pano que se fazia em Nimes. Por ser
um tecido que não merecia grandes cuidados e era durável, no início ele era
destinado a roupas para o trabalho no campo e também para os mineiros de ouro
na Califórnia. O jeans só se tornaria mais macio muito tempo depois, quando começou
a ser lavado com pedras antes de ser posto à venda.
Esse
jeans mais macio era produzido por um alfaiate da Califórnia, que
fazia calças para mineiros, e que, mais tarde, se associou à Levi-Strauss.
Utilizava-se o tecido, vindo de Maryland, e geralmente na cor marrom, para
cobrir carroças. Quando a venda de tecido para essa finalidade caiu, ele passou
a ser utilizado na fabricação de calças, em uma modelagem resistente e própria
para o trabalho das minas. Depois, ao ser vendido em larga escala, o jeans
(já tingido de azul - na verdade um tom verde, que com o tempo e a luz, ainda
na tecelagem, vai se transformando no indigo
blue) se tornaria o elemento principal de uma verdadeira revolução no modo
de vestir. E foi Levi-Strauss que patenteou as famosas tachinhas de cobre que
permitiam maior resistência no manuseio das calças”.
Pois
então, foi assim que os jovens paulistas e do mundo inteiro
adotaram o jeans como a roupa universal. Para mim, especialmente, foi uma
das novidades mais marcantes. Já havia presenciado de tudo um pouco no vestuário
feminino: vestidos rodados,
tailleurs, vestidos compridos tipo charleston, moda com chapéu e luvas, moda
sem chapéu e luvas, bolsas grandes, bolsas a tiracolo, vestidos justos e
apertados...mas o jeans não foi uma simples moda...ele permaneceu e permanece
até hoje, no século XXI. Mesmo se alterando e se modificando, parece que o espírito
de liberdade que emana da calça jeans ainda subsiste para quem a usa e a adora.
Convide um amigo para ler esta matéria Envie seu comentário à autora deste artigo Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida, armazenada
em sistema de recuperação de dados ou transmitida, de nenhuma forma ou por nenhum meio
eletrônico, mecânico, de fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem a prévia
autorização por escrito da autora.