Histórias de Dona Guiomar
escritas por Nereide S. Santa Rosa
Dezembro 28 de 2000
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FogosFeliz Ano Novo!

Depois de tanta pressa e agitação, chegamos ao Reveillon! Para muitos, significa mais agitação...para outros, um tempo de análise e promessas. Aliás promessas, que muitas vezes estão relacionadas com crendices e costumes .

Passa ano, entra ano e continuo observando um fato interessante que acontece nesta época...as pessoas sempre tem esperança. A passagem para o Ano Novo adquire uma força maior na medida que jogamos os problemas, as insatisfações e desilusões para trás e acreditamos que vamos mudar, vamos renascer, vamos alterar nosso comportamento... como se fosse um passe de mágica... como se a natureza humana fosse simples e moldável a nosso bel prazer. Claro que, se tivermos força de vontade muitos desejos acabam se realizando...mas precisamos dessa força...uma força interna, que deve estar em nosso pensamento, nosso coração...dessa forma realmente existem grandes chances de mudarmos nossas ações , sejam elas quais forem. E sempre uma mudança é complicada. Seja quanto a espaços físicos , seja quanto a comportamentos e atitudes. Porem, quando conseguimos realizar nossos desejos, sem prejudicar ninguém, nos sentimos felizes, mesmo que por alguns momentos.

O Ano Novo sempre foi o momento ideal para buscarmos essa felicidade. Desde muitos anos que certos costumes são mantidos para ajudar, dar um empurrãozinho, no destino. Atualmente deve-se vestir branco, soltar fogos de artifício, comer sete uvas, não comer aves para não "andar para trás", se possível, comer leitão para "focinhar" para frente, guardar sementes de romã, pular sete ondas, etc, etc, etc

Mas nem sempre foi assim...

Nos velhos tempos do Itaim antigo, o Ano Novo chegava com calma e tranquilidade. Sem rituais ou exageros. Apenas uma noite especial. Todos esperavam a meia-noite, é claro. Conversando, trocávamos idéias, e talvez até fizéssemos planos. Não haviam grandes comemorações , ceias ou champagnes.

Mesmo assim, naquele tempo, a chegada do novo ano também era relacionada com barulho. Parece que dessa forma, o anúncio de um novo tempo ficaria registrado para sempre.

E os sons sempre chegavam. Assim como os minutos após a meia-noite. Porque o tempo é inexorável, insistentemente real e presente. Mas também o tempo é passado e, no instante seguinte, é futuro. Ele passa , e nós, impotentes diante de sua ação, só podemos assistir a sua passagem. E ele passa, sempre. A passagem do Ano Novo é um dos momentos que sentimos mais de perto a força do tempo, a força dos minutos e dos segundos...Até tentamos barrá-lo a meia-noite.. mostrando a ele nossas comemorações...mas a partir do primeiro estouro dos fogos de artifícios, aquele momento já não existe mais...se tornou passado. E novos minutos, segundos seguem, implacáveis.

E os sons do Ano Novo, no velho Itaim, vinham de longe. Escutávamos as sirenes das fábricas das redondezas, como a Kopenhagen, a Calfat, e outras até mesmo localizadas em Santo Amaro. O espaço plano e sem construções, nos permitia escutar sons distantes, principalmente a noite. Ouvíamos também os sinos da Igreja Santa Tereza ...e a alegria dos garotos pelas ruas do bairro batendo tampas e panelas com os talheres, fazendo uma algazarra simples, mas divertida.

E assim os "Anos Novos" chegaram, se renovaram, se transformaram em "Anos Velhos"...

Mas este, o ano 2000, é especial .Vamos adentrar ao novo milênio e ao novo século... Um privilégio que nós, simples mortais, vamos poder constatar...estamos participando da história do Homem. E somos testemunhas desse tempo... Sintam orgulho por estarmos aqui nesse momento tão especial para a Humanidade. Talvez, em nosso cotidiano, nem chegamos a pensar sobre esse fato...mas, a verdade é que essa data é marcante e será lembrada como referência no futuro. E nós estamos fazendo parte de tudo isso.

Sejam felizes nesse novo milênio...

Seja felizes nesse novo ano...

Sejam felizes nesse novo século...

A cada momento, pensemos no passado, para entendermos e construirmos nosso futuro.

Feliz Ano Novo!

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